segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sereno Sossego

Derramo meu coração. Súplico um alento que aqueça. Preciso da redenção que faz renascer a vontade. Desejo o perdão Daquele que o inventou. Palavras se esvaem da calejada alma. Cabeça é um tornado, um peso nos ombros que carregam o passado. Espero vazio, que o vazio se acabe. Espero do alto o anjo de Deus. Refaça a história, me faça de novo. O clamor clama amor. Um pouco de coração no peito. Me cobre o céu enquanto me descubro da culpa. É o joelho que fala, que faz a oração. Atravesso o tempo e vejo um dia mais calmo. Esse é o sabor de perdão. Preciso provar mais uma vez. Sempre. Então me leve daqui, óh Deus de minh'alma. Me tire do lugar onde vagam os pesarosos. Me faça andar na misericórdia não merecida, mas que tanto preciso. Guerra de espadas no meu peito. Gritos e dores, cansados em mim. Esse é o jardim de flores negras, plantado ao vento do ódio. Regado à impulsivas palavras, postadas sem zelo. Essas são as terras reservadas aos aflitos, onde ritos e mitos não curam ninguém. Esse é o canto sozinho do que perdeu seu caminho e caminha perdido. É o cálice do fel, da uva pisada por pés calçados a ódio. Deserto de pedra. Ouve bem alto o que sussurra minha alma. Não é  sorriso que peço em prece. Quero, apenas, o sereno sossego do descanso de Teu perdão. 






domingo, 22 de dezembro de 2013

Mil Palavras


Me desfaço em mil pedaços
Me refaço em mil promessas
Me escondo em mil palavras
Mas não sei

Me disponho a tentar
Me esqueço de lembrar
Onde foi que comecei a perder

Olho tudo em minha volta
Volta e meia, fecho olhos
Só pra tentar sentir mais uma vez

Sei que tudo vai passar
A vida vai melhorar
E mil vezes vou dizer

Você é Aquele que É
Traz o dia de novo em suas mãos
Faz nascer a esperança
Onde não há, sempre há







sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Sobre Esperança Que Sustenta Meu Coração



Uma vez ela perguntou o por quê disso tudo? Qual o motivo de tanto sofrimento e de toda essa confusão que é a vida? Eu realmente não sei a resposta. Só sei que, no fundo do meu coração, eu sinto que vale pena, porquê os dias de tempestade não são maiores que os dias de sol. A tempestade é só um espaço entre os dias de sol. Ao invés de questionar o sofrimento da vida, quero aprender a agradecer as alegrias que ela proporciona e achar, mesmo na dor, principalmente na dor, o crescimento que a felicidade não me permite ter. Pois me aconchego e me acomodo à ela, só preciso senti-la. Na dor, luto e penso, faço arder minhas falhas até fazer delas força para não desistir. Então não quero definir a vida em uma pergunta, quero exclamar cada ato meu da melhor forma que eu puder. Mas se isso é, de alguma forma, sabedoria, só o é porquê os dias de sofrimento me ensinaram. 

Sendo assim, essa noite, busco não ser covarde ao ponto de odiar. Quero ser homem ao ponto de ser menino: brigar, esquecer e perdoar. Tão fácil e tão simples como jogar bola. Ao dormir, não quero ter nada que me acorde no meio da noite. Ao acordar, não quero ter nada que me prenda à cama. Vou pedir pra Deus desenhar um futuro sem medo. Vou usá-lo como ilustração da capa de um livro que fala de dor e persistência, de erros e arrependimentos, de esperança e luta. Essa noite não quero desistir de tentar me tornar um cara bom. Vou ainda olhar por cima das desesperanças, vislumbrar o que me reserva a perseverança. Não tenho a pretensão de uma vida de vitórias, mas quero pensar que sempre tentei tudo, com todas as minhas forças. Depois, terei o tempo e a morte como adversários em um jogo em que sei que serei derrotado. Só espero ser um bom perdedor, orgulhoso de todas as minhas jogadas, reconhecendo a força e a beleza dos meus oponentes. Daí, me cobrirei de paz e deixarei que minha alma descanse até o dia em que irei acordar para vida que nunca vivi.





sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Empiria


Houve um tempo em que ouvi o canto das flores
Senti o cheiro da música
Toquei a alma com as mãos

Houve um tempo em que o tempo era sólido como céu
E o céu era um pedaço de mim


Então vi o vento levar o que nunca esteve aqui
Ouvi o som do silêncio
E pude sentir pela primeira vez o gosto do nada


De quantos sentidos preciso para sentir dor?
De quantos sorrisos se constrói uma felicidade?
Quantas vozes juntas se tornam canção?
Se a lembrança é algo abstrato, como machuca tanto?


Torna a voz na minha cabeça a perguntar
A voz que só eu escuto
A dor que só eu sinto
O gosto que só amarga minha alma
O cheiro que só eu conheço
E a solidão que só eu vejo


Feliz eu por não precisar de nenhum dos sentidos para ter fé
Porque a fé não é a ilusão a ser acreditada ou sentida
É a esperança a ser vivida