quinta-feira, 6 de junho de 2013

Copos Vazios

O que é evangelizar? Não sei se algum dia já se fez essa pergunta. Eu sou um evangelizador? Antes de tudo, sou evangelizado? Como posso propagar a boa notícia de Cristo? Eu sei qual é essa boa notícia? Eu acredito nela? Busco vivê-la?

Vejo todos o dias as pessoas desaguando orações e imagens com frases bonitas, trechos bíblicos que, muita vezes, nem sequer realmente já o viram na bíblia. Falo porquê eu mesmo já o fiz.  Tudo isso ao mesmo tempo em que compartilham preceitos e ideias que vão completamente na direção oposta àquilo que faz parte do que é a premissa do evangelho. Mas antes de debatermos sobre o que ele realmente é, vamos analisar nossa postura para tentar identificar se o conhecemos de verdade. 

Quantas horas passo ouvindo minha banda preferida da igreja? Quantas horas passo em oração? Quanto dinheiro eu já gastei em livros, camisas e CDs dos meus artistas cristãos? Quanto desse dinheiro eu usei para ajudar alguém que necessitasse de uma simples refeição? Quanto tempo eu levo estudando meu baixo, minha guitarra, meu violão ou meu canto? Quanto tempo eu levo estudando as palavras que eu "acredito" serem de Deus? 

Vamos ir mais longe, vamos falar de coisas mais corriqueiras. Coisas que passam por nós a todo momento e que refletirão diretamente naqueles a quem direcionarmos nosso discurso cristão. Vamos falar de nossas mensagens de vingança, de nossas piadas, músicas e danças sensuais, da nossa falta de zelo pela castidade aleia, das fotos que induzem os outros a pecar, da nossa língua que fere alguém a todo momento, do martelo de juiz que não sai das nossas mãos, da nossa preguiça eterna, da nossa falta de atenção para as coisas do alto, enfim, da nossa postura ambígua de achar que tudo é normal. Se depois desse parágrafo você me achou um cara muito chato e metido a certinho, isso é ótimo, é a você mesmo que esse texto está direcionado.  

Então o que é a boa notícia de Cristo? Jesus é o nosso salvador. Mas Ele nos salvou de quê? Por quê? Pra quê? Ouço muito isso o dia todo. Jesus é meu salvador! Mestre me ajude! Deus é meu Pai! Abrace a promessa! Qual é a promessa? O que Deus te prometeu? E as pessoas vão repetindo isso ao ponto de se tornar bordões. Algo massante que perde o força a medida que se torna só mais uma frase. Algo falado sem qualquer compreensão. Um mantra de autoajuda repetido a toda e qualquer dificuldade ou para ficar bonito em frente aos irmãos que não cansam de repetir a mesma canção. Cheios de frases prontas e vazios de entendimento. São vítimas fáceis de lobos que estão a espreita para enfiar qualquer verdade distorcida em seu coração ansioso e sedento. 

No início de tudo, podíamos conversar com Deus que caminhava pela Terra. Vivíamos em um paraíso do qual não temos ideia do quão bom era. Estávamos próximos das coisas do alto. Mas a vontade de sermos deuses nos fez nos afastar de Deus. Pois transgredimos o que era santo. E Deus é santo, irrepreensível e justo de uma forma que nenhum ser humano já mais poderia ser e, portanto, não poderíamos mais estar em sua presença. Deus é vida, pois Dele surgiu a vida. Porém, assinamos nossa inclinação para morte no exato momento em que quisemos nos comparar a Ele. Achar que nossas forças seriam capazes de produzir para a gente algo tão bom quanto o que Deus pudesse nos proporcionar, seria o que nos tiraria do que fazia parte do Autor da Vida. O pecado original é coberto de vaidade e arrogância. Herança que carregamos a cada geração, desde então.  Ainda achamos que podemos nos bastar. Ainda fazemos tudo pensando na aceitação dos outros ou na nossa própria aceitação. Ao invés de nos colocarmos no lugar da criatura que somos, inflamos nossos egos todos o dias e não aceitamos quando, sequer, vemos a nossa condição de pecadores, de fracos, de pó. Queremos controlar o que Deus disse em função de nossas vontade e nossos sonhos. Usá-lo como uma varinha de condão capaz de realizar todos os desejos de nossa alma. Vivemos com se as Suas promessa fossem para essa vida e  para esse mundo, quando é exatamente o contrário. 

Já disse um homem sábio uma vez "o homem tem tanta inclinação para estar com Deus, quanto um infrator da lei tem para estar com um oficial de justiça". Com o passar dos tempos o homem vem se afastando cada vez mais da sua origem. É só olhar para o mundo e ver o quanto se busca a Deus, ou melhor, o quanto não se busca. Jesus mesmo se questiona sobre o que da fé Ele iria encontrar em sua segunda vinda. É um mundo caído. Não se ouve a voz de Deus, pois não estamos com Deus. Não temos tempo para Deus. O Deus que criamos é diferente do Deus que mandou seu único filho para ser morto. Afinal, por que Ele fez isso?

Toda criação anseia pela condenação da humanidade. Pois somos traidores do que Deus fez por nós. O universo, a vida, tudo está diretamente ligado a leis. Leis que não podem ser transgredidas, pois causam o caos e a morte, que é a consequência da infração sobre a perfeita lei. Deus, por ser santo e justo, é incapaz de violar essas leis, dessa forma, Ele violaria a si mesmo. O que não pode ser diferente, porquê, de outra maneira, Ele não seria Santo. Mas nós violamos. Toda a criação viu o que fizemos. Todos os anjos, todos os animais, toda natureza, as estrelas e o firmamento nos viram pecar contra o Criador, contra sua perfeita sabedoria, contra seu amor e sua confiança. O salário do pecado é a morte, a condenação por fazer coisas que vão contra a vida é perdê-la. Temos um acusador para cobrar essa sentença. Deus, por ser justo, não pode deixar de aplicá-la. Não pode apenas no perdoar, enquanto toda a criação não tem o mesmo privilégio. Enquanto brincamos com o dom da vida que todos os seres parecem compreender bem mais do que a gente. Você consegue entender isso? O nome disso é justiça. Não vingança. Fomos avisados disso. Mesmo assim, profanamos o que era sagrado. A única forma de obter um induto por nossa falha era que alguém pagasse ou sofresse essa pena em nosso lugar. É exatamente onde entra o filho único e amado de Deus que, feito carne, tomou pra si essa condenação. Recebeu a dor a e morte que nos era merecida. Viveu em nossas condições, mas não viveu como nós. Santo como seu Pai. Não pecou. Por isso, ao morrer, pôde viver novamente, porquê não transgrediu nenhuma lei. O justo que morreu pelos injustos, pagou nossas dívidas e nos livrou do nosso destino. 

Não adianta ficar só repetindo que Jesus é meu salvador, se eu não entender o que é isso na realidade. Se eu não acreditar nisso de verdade. Muito menos irá adiantar se eu achar que não tenho pecado algum, pois não há um sequer no mundo que seja justo. Mais triste ainda vai é conhecer e compreender essa história e, ainda assim, pecar de todas formas, sem freio e sem autocontrole, sem alguma perspectiva de me livrar das coisas que ME fazem mal. Achar que tudo é normal, pensar que posso me vestir como eu quiser na rua, que eu posso ouvir, cantar e divulgar tudo o que eu quiser em minhas redes sociais, que eu posso me embriagar com todos os prazeres da carne e ainda sentir a presença do Espírito Santo de Deus é uma falta de respeito e de zelo pelo seu amor. Estamos loucos e somos desprezíveis ao pensar assim. Acordemos e paremos de brincar de igreja. Sejamos igreja. Paremos de escandalizar a todos com nossas condutas dúbias e sem seriedade. Paremos de achar que tudo é festa nesse reino que, com certeza, não é o de Deus. Não sejamos os hipócritas que somos todos o dias. Entender  isso tudo será o primeiro passo para evangelizar, isso tudo é a primeira mostra de que estamos evangelizados. 

O segundo passo é colocar esse Deus na vida das pessoas. Jesus não quer músicas incríveis, shows inesquecíveis, programas de TV, imagens Dele pregado numa cruz jogando na sua cara que foi por você. Ele apenas quer que você fale para as pessoas que existe um criador que os criou com o maior amor do mundo. Que, quando nos decidimos nos afastar Dele, Ele permitiu. Vendo o nosso sofrimento, nos aceitou de volta. Fez seu filho amado sofrer por amor aos que o traíram. A verdadeira promessa de Deus é o seu reino. Um reino que vai na direção oposta a que esse reino aqui vai. Ele promete vitórias que não têm nada a ver com o padrão desse mundo. Ele promete uma vida que você nunca sentiu porquê, desde o dia de nosso nascimento, estamos inclinados a fugir dela. Ele promete esperança em qualquer sofrimento. Basta que acreditemos Nele. Tudo nos é dado de graça, é Sua graça. Nossos esforços não podem nos colocar na condição em que apenas acreditar Nele nos coloca. Chega desse veneno que nos fazem consumir a cada dia. Chega de um Deus que está mais comprometido com seu bem-estar aqui do que com a sua salvação. Abram seus olhos. Abram os olhos das pessoas ao seu redor. Chega de buscar apenas o sentimento bom, o frenesi de sentir o amor de Deus. Busquemos a dor dos guerreiros que lutam e sangram por causa de mundo que, desde o início, quis calar a verdade. Estudem a bíblia de vocês. Estudem a palavra de Deus. Entendam. Não sejam enganados. Não se enganem. Deem  a Deus mais do que você dá a sua família, mais do que você dá a todos o seus amigos, mas do que você dá ao seu casamento ou namoro. Não amo a todas essas pessoas? Não me dedico a elas com força e seriedade? Não vivo repetindo que amo a Deus? Então por quê dar a Ele bem menos do que dou a todos ao meu redor?

Me canso de mim. Me canso de todos que vejo. Copos vazios até a borda. E transbordam o tempo todo. Ninguém sente sede? 

Ouvi uma coisa bonita hoje. Uma explicação sobre o porquê de Jesus se retirar tantas vezes para orar sozinho a Deus. Mesmo Ele sendo o filho de Deus, ainda precisava de tanta oração? E quem disse que Ele precisava? Ele só queria estar com Aquele a quem amava.