segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O Barro e o Oleiro

Onde está a Tua voz? O que ela diz ao meu coração? Nos caminhos do tempo, moldas, suave e sublime, com brutal delicadeza, cada pedaço de meu ser. O barro não entende o que quer o oleiro. Em suas mãos, confuso, não entende o que pode ser além de barro. Como entender o desígnio do Criador? Não é por acaso o artista quem conduz a arte? É possível que um quadro se pinte? Pode-se ouvir uma canção que surge de si mesma, sem que uma alma a tenha gerado?  Deixa que te molde barro. Deixa que oleiro lhe dê forma. Não sabe a forma e nem o benefício que ele quer te dar. Guardarás água? Em ti serão depositados ouro e prata? Não temas. Pois para o que quer seja, o oleiro te dará exatamente o que precisa para ser. E seja aquilo que Ele quer. Deixe ser esmagado, moldado, desenhado e perfeito. Deixa o tempo te secar e fortalecer. O coração é vaso da alma. Nele se guardam todas as coisas. Mas quais coisas Aquele que o fez, quer que sejam guardadas nele? Leva a calma e a paciência, a doçura e a temperança, leva a sabedoria e a humildade, leva o perdão e a caridade. Leva o que te fez conhecer a Deus. Leva a amizade sincera e as noites de luta. Leva os dias de glória e as alegrias de outrora. Leva Aquele que te criou. Tem calma barro. Tem fé.