sábado, 8 de agosto de 2015

9 de Agosto


  1. Ela não entendia o porquê eu morria, um pouco mais constante a cada dia. Éramos felizes na simplicidade de um sorvete com bolo. Éramos sofríveis na complexidade de um verso mal escrito, posto em prova em hora pior. Cantado em trova sem rima melhor. As lembranças doces são as que mais amargam. Azedam no peito, de efeito que são. Posto feito ilusão, benção, sorte e refrão. Assim como dura  a amargura, será que cura o coração? Das noites de história que eu lia, ouvia no telefone o seu respirar.  Esperando que dormisse em paz, lhe dando a paz que jamais pude dar. É história sem fim e nem feliz final. Afinal, de que felicidade é feito o fim? Se o sol vem logo após o temporal, o que vem depois do sol enfim? Unhas, cabelo, roupas e peso, das tuas manias, teus exageros, qual seria o próximo que me faria rir por dentro? Pois perfeito era tudo que eu via, enquanto você sofria atrás dos moinhos de vento. Triste sorte tem o coração quando de sorte padece o que se sente. Mente pra si a mente em vão. Um vão na alma o corpo sente. É dia 9 de agosto e que gosto isso tem? Visto que o era quando éramos, triste o que agora não somos. Rasgo o calendário e não mais contarei os dias, não mais saberei a datas. Rasgo as cartas, as fotos, faço as malas. Porém, por dentro, não vou a lugar algum. Em lugar algum padeceria o que me faz padecer na solidão. Lembranças não são memórias. Lembranças se apagam, memórias se cravam no coração.

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