quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

AINDA POESIA



Ela me perguntou o por quê eu não escrevia mais. Ela nem sabia que a tristeza é minha poesia. Versos, contos, cantos e sonhos. Num canto me punha, em letras morria, um canto nascia. Não é que eu não seja mais triste, é que ela é minha alegria. Alva, leve, livre, acorde, música e sinfonia. Ainda sou triste, só que ela é poesia. Mas como minhas palavras me levaram a ela, quando ainda nem éramos, ela já era som, letra, forma e melodia, talvez nos levassem de volta àqueles dias. Eu não escrevo mais músicas, eu já escuto sua voz em toda manhã. Seu sorriso discreto, seus olhos pequenos, seu cabelo cheiroso. Como ser poeta diante de tanta poesia? Pois nada mais parece tão belo. Entenda: não é que a beleza deixou de existir, ao menos espero. É que tudo é menos belo quando o belo se compara a ela. Deus a escreveu em versos, o universo em 7 dias. Estrelas, planetas, anjos e trevas. E ela? Poesia. Eu sei, já falei isso e, afinal, do que eu falaria? Pois eu ainda sou triste. E ela? Ainda poesia. 


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