domingo, 16 de setembro de 2012

Sem Parágrafos


Deixo que as lágrimas reguem o caminho. Que Deus seja a semente. Que do sofrimento brote o amor e a esperança. Na hora certa, o sono vai trazer descanso. Mas, enquanto meus olhos não fecham, vou tentar não olhar pra trás. O chão é o abismo de cada passo, mas preciso ir até fim. Deixar morto quem eu sou, pois só um novo alguém terá força pra subir. Vou levando um mapa em branco e uma carta pra escrever. Vou rezando baixinho, pedindo perdão. Vou rezando baixinho, pedindo força. Vou agir diferente pra mostrar gratidão. Vou me escondendo nas palavras, benção e maldição. Agora é hora de sonhar sozinho. Não entendi nada de onde eu estava. Não consigo entender agora. Vou subir pra olhar do alto. Assim posso enxergar tudo. Ver minha pequenez diante o todo. O travesseiro é pedra e a cama é brasa. Talvez seja isso mesmo. O tempo já me mostrou tanta coisa, talvez me mostre agora o que já sei. Só quero a integridade que perdi. A dignidade que a raiva me tomou. Frase e ponto, frase e ponto. Sem parágrafos. Sem espaços vazios. Agora entende por quê escrevo assim? Não, ainda não pode entender. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário