sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Empiria


Houve um tempo em que ouvi o canto das flores
Senti o cheiro da música
Toquei a alma com as mãos

Houve um tempo em que o tempo era sólido como céu
E o céu era um pedaço de mim


Então vi o vento levar o que nunca esteve aqui
Ouvi o som do silêncio
E pude sentir pela primeira vez o gosto do nada


De quantos sentidos preciso para sentir dor?
De quantos sorrisos se constrói uma felicidade?
Quantas vozes juntas se tornam canção?
Se a lembrança é algo abstrato, como machuca tanto?


Torna a voz na minha cabeça a perguntar
A voz que só eu escuto
A dor que só eu sinto
O gosto que só amarga minha alma
O cheiro que só eu conheço
E a solidão que só eu vejo


Feliz eu por não precisar de nenhum dos sentidos para ter fé
Porque a fé não é a ilusão a ser acreditada ou sentida
É a esperança a ser vivida



Nenhum comentário:

Postar um comentário