quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Despétala

O medo lhe acordava no meio da noite. Isso quando a dor lhe deixava dormir. A mão no coração tentava desfazer o nó no peito. As cenas passavam repetitivamente em sua mente. Os sonhos, os planos, a felicidade. Ela preparou a alma pra que os dois se tornassem um. Fez das coisas que ele dizia, a canção de seus dias. Deu a ele seus melhores sorrisos, os mais sinceros olhares. Como um porto seguro em um mar de receios e coisas desconhecidas, assim era o seu ombro pra ela. A fragilidade de sua natureza se transformava em força, a qualquer sinal de que ele precisasse dela. E por que agora o desamor? Por que frios os olhos congelam os sonhos? Por que mudou de lugar o sentimento? Por que não era boa o suficiente? O que no mundo poderia ser mais importante do que aquilo que era tão forte em seu peito? O espelho passará a julga-la feia. Todos na rua passaram a zombar dela, sem ao menos conhecê-la ou fizessem a mínima ideia do que vivia. As noites eram longas demais pra serem dormidas. Os dias eram curtos demais para serem vividos. A voz faltava. Uma música, um riso, algo escrito em uma folha, a foto no celular que não se apagava, os lugares que iam juntos, tudo era sufocante. Tanta coisa que via, tudo era pra ser compartilhado. Mas com quem? Choro. Por que? Por que só decidiu mudar o seu caminho? Por ela não podia ir junto? Tantas perguntas. E o sentindo das coisas perdiam-se, porque o que era mais importante em seu futuro, não existia mais. Choro. É quando Deus consola. É quando seu amor faz com que haja um motivo pra se levantar a cada dia. É quando Ele devolve o pedaço de sua alma que foi tirado tão repentina e injustamente. É quando ela vê que ainda há vida. E seus joelhos que se dobravam mendigando amor, se dobram agora pedindo força pra recomeçar e a paz de um futuro bom. O coração que chora, cicatriza. O sentimento de desprezo se apaga.  Talvez fiquem coisas que machucam por toda vida. Mas há ainda uma vida, há uma vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário