segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tarde em Sépia

(Adan de Carvalho)


Levanta.


Ouve o que te falam.
O que?


Vê que a cor se foi
A janela ainda é a mesma
Só a visão que não


Esfrega o olhos de novo
Boceja vazio o vazio da tarde
Deita no espaço que ficou
Mas saiba: não vai dormir


Faz coisas novas de uma forma antiga
Talvez ajude
Brinca com a ironia dos fatos
Lembra dos escárnios involuntários de tuas ações
E chama tua culpa pra rir de ti


Faz coisas antigas de uma forma nova
Acho que não ajuda
Chora da dor dos fatos
Lembra do quanta dor causou voluntariamente
E chora a culpa que tens


Esfrega os olhos
Boceja cheio de vazio a tarde
Se ajeita no espaço que tem
Está dormindo: você sabe


Vê que a cor não voltou
A visão ainda é a mesma
A janela que não


Fala o que tem pra falar.
Não tens nada que possa falar


Deita.





Nenhum comentário:

Postar um comentário