domingo, 25 de dezembro de 2011

Dores de Natal

Uma vez ouvi uma história de um pequeno homem. Ele dizia em um momento de tormenta, onde sua fé era atacada vorazmente e sua vida destruída aos poucos, que perguntava ao inimigo o por quê que tanto ele lhe atacava. Daí ouviu a resposta: Eu te ataco? Tu que tentas  me destruir o tempo todo.

É estranho falar isso como cristão. Mas não me recordo do último Natal em que pude viver em paz. Infelizmente, não vivi plenamente a alegria que representa a data.  Essa tarde é como um dia a parte que não passa, onde todas as coisas acontecem para me derrubar. Meu coração se encontra extremamente abatido. O inimigo não cansa de tentar incutir na minha cabeça que o velho homem vai se levantar  a qualquer momento e, novamente, vou me enterrar nos erros do passado.

Sinto um vazio que, inicialmente, me sufoca. Mas que depois vai sendo preenchido por Deus. Ele não me condena por não estar feliz hoje ou plenamente vivificado. No entanto, me fortalece para que eu não desfaleça em minhas fraquezas. 

Quase para ser jogado no chão pela tristeza, consigo perceber Deus lutando por mim. Não deixando que eu beba toda a culpa de uma vida. Não permitindo que o medo me dilacere em mil pedaços. Falando que não é Ele quem me acusa, sou eu quem o faz. E, de certa forma, me sinto bem por estar triste. Me sinto bem por estar na mira do inimigo. Me sinto bem por ele tentar me destruir. Vejo que assim estou no caminho certo. Percebo que quer me deixar preso no que eu era e em todas as minhas dores para que eu não faça o que Deus quer de mim. 

Quando falava na canção "a única paz é a certeza que você não vai me deixar aqui", era a maior confissão de fé que já fiz Quanto sofrimento e quanto pecado eu trouxe para minha vida? Quantas vezes fui destruído  e não via mais solução ou caminhos para mim? Quantas vezes eu desisti do eu? Infelizmente meu sofrimento não foi nobre, o sofrimento dos injustiçados. Eu era a injustiça, eu era a causa do sofrimento dos outros. E o inimigo não deixa de pendurar isso nas paredes de minha casa, nas músicas que ouço, nos livros que leio, nas pessoas com quem falo, nas lembranças de minha alma. Carrego nos ombros minhas dores e as que causei. Então isso tudo vem como uma surra em meu espirito. Por alguns momentos me perco de Deus, me desespero. Mas eu sei que Ele não vai me deixar aqui. E essa certeza só veio depois de incontáveis noites que não acabavam mais de tanta dor. 

Deus me diz que não há vergonha em estar assim. Conhece meu coração e tudo em mim. Sabe da minha imperfeição. E que a alegria que devo mostrar no nascimento de Seu Filho, não precisa ser necessariamente com um sorriso e um coração em paz. Mas pode ser afogado em lágrimas e lutando até o último folego para respirar, porque foi para que eu viva que Ele nasceu. 

Peço a Ele que esqueça as minhas transgressões, mas que não me deixe as esquecer. Assim poderei saber por onde andar. 

E quantos não estão nessa situação? Abatidos, derrotados, destruídos pelo sofrimento. Compartilho isso com vocês. Sejam "pequenos homens". Saibam que estão sendo atacados por um inimigo desesperado, que vê como Deus está a usá-los para destruí-lo. Não se envergonhem por não estarem felizes hoje. Nossa vitória não se fez no nascimento de Cristo, mas na consumação de seu sacrifício de amor. Ele poderia ter nascido e escolhido um outro caminho diante o sofrimento que iria viver e que viveu. Também chorou e sentiu a ausência do Pai. Mas não desistiu. Não desista. Seja o nascimento de Jesus Cristo para o mundo, todos os dias. Fugindo da perseguição de quem quer te matar. Tendo a humildade de nascer em uma manjedoura e sendo a estrela que guia as nações. Força. 


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